Pedro Nobre, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto e coordenador do Grupo de Investigação em Sexualidade de Género, explica que o SHAPE é representativo da população portuguesa e abrange diversas características socioeconómicas. O objetivo, segundo o académico, é criar um Observatório de Saúde Sexual em Portugal que permita monitorizar os indicadores e comportamentos sexuais, apoiando o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a saúde e os direitos sexuais.
Pedro Nobre sublinhou que a insatisfação sexual apontada por metade dos participantes é um dado “surpreendente”, sendo que 20% das pessoas reportaram dificuldades sexuais associadas a sofrimento. Entre os problemas mais comuns, destacam-se as dificuldades de ejaculação nos homens (11,7 %) e de orgasmo nas mulheres (11,3 %), seguidas por dor sexual nas mulheres (10,7 %), baixo desejo sexual (10,6 %) e disfunção erétil (10,4%).
O estudo também revelou dados sobre a discriminação, com 37,7 % da população LGBT+ a relatar terem sido vítimas de preconceito devido à sua orientação sexual. De entre estes casos, 40 % ocorreram no último ano. Para Pedro Nobre, “mais preocupante é perceber que 31% das pessoas afirmam terem sido discriminadas por profissionais de saúde, que deviam ser os primeiros da linha no apoio e ajuda a estas pessoas”.
Outras conclusões do estudo indicam que a maioria da população portuguesa (74%) inicia a sua vida sexual entre os 15 e os 21 anos, com uma média de 18,9 anos. Além disso, 34,9 % dos inquiridos afirmaram não ter tido qualquer atividade sexual nas quatro semanas anteriores à participação no estudo, e a média de relações sexuais foi de 5,3 vezes nesse período.
O estudo também trouxe à tona dados alarmantes sobre violência sexual, com 9 % da população a relatar que foi forçada ou ameaçada a realizar atos sexuais contra a sua vontade, e 1,8% a indicar que foi coagida na sua primeira experiência sexual. As mulheres são três vezes mais propensas a serem vítimas de violência sexual do que os homens, enquanto as pessoas LGBT+ são seis vezes mais vitimizadas do que a população heterossexual e cisgénero.
Fonte: Lusa